domingo, 2 de maio de 2010

Você

Você…você é tudo o que eu queria...
Tudo o que anseio que a ilusão me dê...
O meu sonho de amor de todo dia
Que nos meus olhos úmidos se lê...
Minha felicidade fugidia
O meu sonho é você...

Você…você é a própria poesia
De tudo quanto em volta a mim se vê.
Se Deus quissesse dar-me certo dia
Tudo aquilo que eu quero que me dê,
Eu, sem pensar ao menos, pediria
Que me desse você!

Sonhos…glória imortal…seria um louco
Pedir tanta ilusão…não sei por que,
Mesmo a ventura, que possuo tão pouco,
E tudo o mais que a vida ainda me dê,
Fortuna…amor…tudo eu daria, tudo,
Por você!

É que você tem todos os venenos...
É que seus lábios tem um não sei que...
Os olhos de você são dois morenos
Que andam fazendo à noite cangerê
Por tudo isso, eu pediria, ao menos,
Um pedacinho de você!

Rumos

Foi assim a derrota projetada:
Um só destino para os dois, um só,
E uma infinita e silenciosa estrada...

Vê quantas vezes infantis nós somos:
Para o meu grande sonho de Jacó,
Nem eu fui, nem tu foste, nem nós fomos...

Antes de ali chegarmos te perdeste;
Pouco faltava quando te perdi...

Tu - para a vida desapareceste...
Eu - rumo à vida, desapareci...

A espera

Quando se sonha um bem e uma quimera
E uma ilusão se aspira conquistar
Põe-se a alma no azul, a face austera

Se ergue,de encontro, ao sol a flamejar
E, aberto o coração, fica-se à espera
Sobre as pontas dos pés, as mãos no ar!

Eu assim te esperei; mas tão intenso
Foi meu esforço de esperar-te em vão,

Que me estendendo a mão, agora, penso
Que a tua sombra é que me estende a mão...

Explicações...

É pela primeira vez que posto aqui no blog algumas poesias que não são de minha autoria e se assim estou fazendo é porque tenho a intenção de divulgar este poeta que não é conhecido no Brasil, mas que é conhecido no exterior: Judas Isgorogota, cujo nome verdadeiro é Agnelo Rodrigues de Melo, nascido em Lagoa da Canoa em Alagoas. Inspirado em Bocage, Cesário Verde e Augusto dos Anjos, Isgorogota iniciou as primeiras tentativas poéticas durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de se inspirar nestes poetas de renome, o que escreveu é produção estritamente sua, o que se percebe pela suavidade das rimas e das estrofes e pelo jeito simples de fazer poesia. Certa vez pediram-lhe a definição de poesia ao que ele respondeu: “Poesia não se define. Vive-se com humildade, ama-se com enlevo, luta-se com tenacidade, sofre-se com resignação. Sente-se com humanidade, com heroísmo e com fé. É então que, bafejado pela graça divina, escreve-se com ternura e muitas vezes, com lágrimas…”