sexta-feira, 19 de junho de 2009

O sono da cidade

A cidade dorme
E no silêncio da noite pode-se ouvir seu ronco.
Poucos carros a trafegar
Poucos transeuntes a passar
Marcando com os passos
As batidas de seu coração.

A cidade dorme
E sonha. E tem pesadelos
No seu interior tantos germes
A se aproveitar do breu
Dos olhos fechados e a mente distante
Do desligamento desse mundo.

Enquanto sonha, vê o menino com as mãos sujas
De sangue.
Enxerga também outras mãos sujas
Do roubo.
Identifica outras tantas mãos vazias
De esmola.
Cujos corpos repousam no sereno e
Cujas bocas só recebem aguardente para espantar o frio.

Enquanto sonha, identifica suas próprias diferenças
Observa de fora o seu próprio caos social
Delineia com seus olhos embaçados
O vulto da morte que age no escuro.
E se encanta com madrugadas
Intensas de amor.

A cidade dorme
Enquanto eu, sem sono aparente
Sondo suas ruas, observo sua avenidas
Procuro seu coração.
Pois sei que, apesar da aparente calmaria
Os movimentos são sutis
Pra quem se aproveita do sono da cidade
Para arrancar sua máscara e
Mostrar seu verdadeiro rosto.

Faço parte do sono da cidade
E nos seus sonhos, sou seus olhos
Na realidade; enquanto a cidade dorme
Eu permaneço acordado.

domingo, 7 de junho de 2009

Momentos...


Um olhar, um sorriso...
Um afago, um desejo de pegar a mão
E instintivamente levá-la à boca
Acariciando-a com um beijo
Deixando clara a intenção
De segurar o rosto, olhar os olhos
E beijar a boca com emoção.
Num eclipse de consciência, do eu razão
Permitir o sentimento abrir os seus braços
E acalentar o compasso do coração...
São momentos que sonho de olhos abertos
Para conseguir buscar o sentido enfim...
De outros momentos vividos a contento
Com meu flertado sentimento
Que me faz comportar assim...

Para alguém, cuja lembrança dos momentos que juntos estivemos não se apaga na memória

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Destinos


Duas vidas, antes desconhecidas
Um encontro que por acaso ou não
Encerra um destino.

Duas historias de viagens, migrações
Um lugar para parar
Marca um início.

Dois olhares receosos e curiosos
Um espaço entre eles
Uma vontade de estar mais próximos.

Duas distâncias encurtadas
Uma mão que as une
Numa mesma encruzilhada.

Não quero mais caminhar sozinho
É momento de querer estar junto
Experimentar a vida partilhada
Numa mesma estrada.

Não sei onde vou
Mas o destino me trouxe aqui
Para o que também desconheço
Vou viver este momento
Quem sabe se, no final de tudo
Eu descubra, meu destino com o seu entrelaçado
Que não nos permita mais viver separados.


Para alguém que conheci ontem...