domingo, 29 de março de 2009

Fica em mim...


Fica em mim nem que seja por um instante
Porque nesse instante terei força para viver a minha vida toda...
Fica em mim e deixe-me saber
Onde começa o prazer e termina a dor,
Que só se acaba com sua chegada.
Tenho janelas em meu coração
E mesmo que não as tivesse
Você poderia sair pela porta
Pois tem a chave dele.
É por isso que insisto: fica em mim,
Mesmo que como lembrança
Que de tanto ser lembrada
Se espelha no real
Fica em mim porque eu, para sempre
Quero ficar em você...

Oração do filósofo


Razão minha que estais na consciência
E que de uma forma ou de outra coordena minha vida
Não me desamparais nunca
Minando meus sentimentos
Assim como expande meu intelecto.

As dúvidas todas dai-me hoje e sempre
Aumentai em mim o amor à sabedoria
Irrigai minha mente com o senso crítico
E inflamai minha ação de indignação
Para que não me cale diante das "verdades"
E jamais fique preso ao senso comum.
Assim seja!!!

quinta-feira, 26 de março de 2009

O beabá do amor

O auditório estava silencioso, apesar do grande número de pessoas. A apreensão era aparente. A palestra sobre sexualidade era inédita naquela cidade interiorana e de gente simples. A Doutora Elizabete também se encontrava apreensiva. O fato, prestes a se suceder era também inédito na sua longa e vasta carreira profissional. Sempre palestrara para pessoas de alto nível de conhecimento, mas agora estava ali, praticamente já cara a cara com uma platéia de pessoas simplórias e imaginava ela, algumas até conservadoras.Temia mais os comentários destas últimas, para as quais bem sabia que, qualquer expressão ou palavra referente ao sexo, era pior que xingar a própria mãe.
No meio de toda aquela platéia, encontrava-se Tião que, de tão simples que era, achava que era muito sabido. Imaginem vocês o desfecho desse acontecimento: o encontro de uma doutora em sexologia com um arretado simplório metido a besta. O título da palestra era: "O beabá do amor". A Doutora pretendia conseguir conscientizar ao menos alguém sobre a importância de cuidar de quem se ama, usando preservativos e etc; coisas que a maioria das pessoas daquela cidade abominava, em função de um retardadismo religioso e moral sem base alguma. Mas eis que o inusitado acontece. Chega o momento da palestra se iniciar; a Doutora Elizabete se posiciona diante da platéia no mesmo instante em que a multimídia é ligada, jogando luz numa parede do auditório especialmente reservada para isso. Em letras garrafais, de cor vermelho púrpura e tremeluzente, a platéia, juntando as letras em sílabas e formando as palavras leu: "O beabá do amor-por Doutora Elizabete Cordeiro..." e alguma coisa a mais que por ser escrito com letras pequenas não foi possível ser decifrado.
Quando o primeiro slide entrou na tela, a pergunta que trazia era a seguinte: "O que significa o beabá do amor?". A Doutora não ficou atrás e questionou a platéia sobre o que lhes significava aquela expressão, se alguém tinha uma resposta para aquela pergunta. Foi aí que tudo aconteceu. Tião levantou-se, pigarreou, limpou a garganta e acenando para ser notado gritou:
-Eu sei, dotora, eu sei...
-Muito bem, aproxime-se- disse a Doutora -Poderia me dizer seu nome por favor?
-Quar dotora? U di batismu ou u du povu?
-Qual você quiser. Você tem dois nomes?
-Óia dotora, tê dois nomi num tenhu, mais assinu um i u povu mi chama di otru...
-Sei...
-Meu nomi di batismu é Sebastiãu, mais u povu mi chama de Tiãu...
-E por qual posso te chamar?
-Quar quisé dotora, mais dexu craru qui perfiro Tiãu. É mais íntimu...
-Tudo bem, Tião- disse a Doutora, começando a perder a compostura, o que era claro quando se punha a alisar a blusa ou a limpar os óculos -Você disse que a expressão "Beabá do amor" lhe significa alguma coisa- afirmou com relutância, uma vez que questionava a impertinência daquele simplório cidadão e em que direito se encontrava para achar que tinha intimidade com ela - Você pode nos dizer então?
-Óia dotora. Na verdade, num é só u qui eu pensu né. Querdito qui a maioria dessi pessoar pensa a mema coisa...
-Está certo Tião; poderia nos dizer?- mais uma vez questionou a Doutora, percebendo sua impaciência começando a aflorar.
-Pudê, possu!Mais a dotora tem qui considerá u siguinti: deisdi qui butei o zóiu nu cartaiz da venda qui tenhu pensadu muitu sobri u significadu dissu tudu...
-E chegou a alguma conclusão? Se chegou diga, por favor- quase que gritou a Doutora Elizabete contendo ao máximo que podia sua impaciência.
-Tá bão dotora, vô dizê...
Fez pose de intelectual e disse:
-Bom, u primeru b do beabá é bejo...
Ouviu-se em uníssono um Oh na platéia. A Doutora ficou zonza:"Até parece mesmo que amor se resume em significados de letras"- pensou. Mas mesmo assim resolveu dar corda para Tião:
-E o a Tião, significa o quê?
-É amassu dotora.
Dessa vez o que se ouviu na platéia foi um coro de uis.
-Bem Tião. E o outro b, o que significa?
O que se ouviu momentos depois foi um estardalhaço de risadas misturados com um coro de cruz-credos.
Tião, na sua inocência ou metidez de achar que muito sabia, disse algo que fez a Doutora em Sexologia, Elizabete Cordeiro, perder a respiração; não pelo significado do que disse, mas pela expressão que saiu de sua boca:
-É bulinhá, dotora, é bulinhá...

sábado, 7 de março de 2009

"Finito enquanto se vive...Eterno depois que se morre!"


"No leito, antes do amor conjugal, repousa agora um cadáver".

Jaz ali.Fria.Os lábios tão ardentes em tantas vezes a reclamar um beijo apaixonado, agora estão incólumes e gélidos.Aqueles olhos de esmeralda a esbanjar simpatia formando par com o largo sorriso de dentes alvos, agora estão semicerrados. Opacos. Aquelas mãos tão bem cuidadas que tanto souberam acarinhar agora estão imóveis. Já não circula mais sangue por ali a torná-las quentes, por isso tudo é muito frio. Aquele corpo bem torneado, de boas medidas, motivo de ostentação de todo um ego, de toda uma vida, agora descansa frio sob a camisola de seda com a qual costumava dormir. O próprio ambiente tem uma penumbra estranha, mal iluminado por um pequeno abajour de cabeceira. É, Helena morreu. Sua voz não mais será ouvida; sua alegria jamais sentida; seu amor jamais partilhado. Tanto amou Helena que, muitas vezes, nos seus exageros afirmava que o amor "é finito enquanto se vive e só tem chance se ser eterno depois que se morre". Por isso se fazia necessário amar intensamente a finitude do amor. Sua própria vida falava por suas palavras. Casara-se por sete vezes e o homem com o qual estivera até agora não era seu marido, a não ser um amante. Nunca se arrependera do que fez. Acreditava que, se o casamento se acabava, era porque o amor chegara a seu fim. Não o amor em seu sentido ou existência universal, mas o amor construído dentro de um relacionamento mais íntimo. Também nunca chorara por uma separação, pois sabia que era a vida a lhe oferecer nova oportunidade de ser feliz, de experimentar um outro tipo de amor com uma pessoa diferente. A única lágrima chorada por Helena,saíram de seus olhos momentos antes de seu fim, porque compreendera que a vida não lhe daria mais a chance de ser feliz, de fazer novas experiências. Foi somente por isso que chorou. Helena não tinha medo da morte.
Seu amante, sentado na cadeira, tendo as costas presas ao espaldar a observava nos seus instantes finais de um mal súbito, de uma morte sem explicação e foi ele quem estancou a única lágrima de Helena com um lenço de papel, para depois apertar esse mesmo lenço contra o peito. Seria agora sua relíquia. Sua lembrança. Como Helena, acreditava que o amor era finito enquanto se vive e ele bem sabia que voltaria a amar outras mulheres. E mais, as amaria intensamente, de maneira louca. Única. E seria taxado de louco, como é louca a vida de quem ama, nem que seja por um breve período de tempo.
Helena, depois de ultrapassado o limiar sutil que a morte impõe para um outro tipo de vida, se comoveu ao notar tanta dedicação, um gesto tão nobre e ao mesmo tempo, cavalheiro de um simples amante, quando este lhe enxugou a única lágrima. Percebeu que continuava a amá-lo, apesar da impossibilidade de tocá-lo, beijá-lo e sorriu. Seu amante também sorria e parecia sorrir para ou com ela. Na linguagem muda do olhar, ela afirmou: "Este amor que lhe tive e que ainda lhe tenho vou guardá-lo para a eternidade". Ao contrário, seu amante ao sorrir, raciocinou: "Foi bom enquanto durou. Descanse em paz Helena, mas existem outras Helenas que por mim esperam".
Helena seguiu então, o rastro de luz, conservando no coração o amor que guardara para a eternidade. Seu amante porém, levantou-se da cadeira para tomar providências com a autópsia, velório e sepultamento.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Se fosse você...


A vida é feita de possibilidades e estas são muitas e às vezes indefinidas.
Brinco em sonhá-las, em imaginá-las, por exemplo, como eu seria se fosse você!

Se fosse você me beliscaria todas as vezes que tento fugir da realidade...
Se fosse você não faria juras de amor, aliás, nem ao menos me apaixonaria por causa de um simples beijo...
Se fosse você sorriria quando a calúnia se fizesse presente...
Se fosse você não me estressaria por futilidades, embora entenda que são essas futilidades que nos estressam...
Se fosse você não comporia várias músicas, mas uma só várias vezes, em tons e ritmos diferentes, porque assim levaria minha mensagem adiante...
Se fosse você não escreveria mil coisas em mil pensamentos, pois uma palavra sempre pode resumir tudo...
Se fosse você não dormiria até tarde, porque observar o amanhecer é uma experiência única que nunca volta...
Se fosse você não passaria minha vida toda trabalhando, mas tomaria alguns de seus momentos para mim...
Se fosse você não questionaria tanto as pessoas, porque compreenderia que muitas coisas não precisamos saber para viver bem a vida. A propósito, seja bendito o ignorante...
Se fosse você brincaria mais e não levaria a vida tão a sério; aliás, esse é um dos segredos da longevidade...
Se fosse você criticaria menos e ajudaria mais...
Se fosse você colocaria mais sentimentos em minha vida, ao invés de me permitir ser dominado pela razão...
Se fosse você derramaria mais lágrimas e não as estancaria quando viessem ou disfarçaria quando irremediavelmente caíssem...
Se fosse você, faria uma porção de coisas que gostaria de fazer, mas que sendo eu não consigo...
Se fosse você seria mais humano e compreensivo e não me preocuparia em agradar tanto as pessoas...
Se fosse você seria mais sincero comigo, não fugindo de minha essência...
Se fosse você, tropeçaria numa única pedra de cada vez para aprender a me desviar delas...
Se fosse você, aprenderia a me felicitar sempre que ultrapassasse algum percalço ou vencesse alguma dificuldade...
Se fosse você, não enxergaria tantos problemas, mas os caminhos para vencê-los...
Se fosse você sempre tentaria de novo, apesar dos muitos erros...
Se fosse você me admiraria mais e até me acharia bonito quando porventura, me olhasse no espelho...
Se fosse você aprenderia com os erros e não faria dos erros um motivo para a derrota...
Se fosse você, seria o mesmo sempre, sem necessidade de usar máscaras...
Se fosse você, correria contra o tempo, gritando aos ventos, a coragem de meu coração...
Se fosse você, pediria sempre bis às coisas boas da vida...
Se fosse você daria outros nomes às coisas porque isso também é sonhar...
Se fosse você escreveria com letras garrafais o nome do ser que roubou meu coração na lousa da escola...
Se fosse você silenciaria quando preciso e só falaria quando solicitado...
Se fosse você não insinuaria coisas, mas as diria, clara, objetiva e em bom tom...
Se fosse você desejaria e mais, lutaria por um mundo melhor com mais respeito ao próximo...
Se fosse você seria mais eu mesmo do que os outros...
Se fosse você...
Mas infelizmente (ou sabiamente)
Deus me permitiu ser apenas EU!!!

EU QUIS


Eu quis te dar o mundo, mas você preferiu um punhado de terra;
Eu quis te dar o céu, mas você escolheu uma constelação tão somente;
Eu quis te mostrar a verdade, mas você afirmou convicta que minha verdade era mentira e;
Que sua mentira era verdade.
Eu quis te abrir os olhos, mas você me disse que já usava colírio...
Eu quis olhar nos teus olhos e sondar seu coração, mas;
Seu coração tão fechado não permitiu que seus olhos olhassem os meus.
Eu quis te falar de amor, de sonhos;
Mas você enfática me disse que nos seus sonhos não se falava de amor.
Eu quis sacudir seu mundo e te mostrar que a realidade é bem outra daquela que você vive;
Mas me afirmou que a sua realidade era construída por você mesma e que eu não fazia parte dela;
Eu quis que todos os seus dias fossem lindos e que todas as suas manhãs tivessem sol,
Mas você me contou que também gosta de chuva.
Quando eu quis te falar de sentimentos, você cortou minhas palavras dizendo que não acredita neles,
Principalmente naqueles que juram ser eternos.
Tanto eu quis...
Tanto você não quis...
Cansei...
Hoje fiquei sabendo que me quer...
Mas agora sou eu que não te quero mais!!!

Lamentos de um drogado


Lua cheia, luzes apagadas, sonhos perdidos;
Caminho vago, esmerando-me em coisas absurdas.
O cigarro queima a minha boca...
Enquanto esquenta o meu corpo.

Está frio: um arrepio me percorre o corpo;
Indo gelar minhas entranhas.
A maconha acabou...
Joguei as seringas na última lata de lixo pela qual passei.
Não tem nem uma alma viva na rua...
Nem um sonho ao qual apegar-me.

Solto um pouco de fumaça,
Vejo-a subir lentamente no ar e penso...

Talvez ela leve coisas, pedaços de mim.
E leva ao nada...se ao menos levasse ao céu
Talvez os santos tivessem pena de mim
E me olhando com compaixão me ajudassem.

Queria morrer, acabar com minha vida
Mas sou covarde, não tenho coragem para isso...
Prefiro que as drogas o façam.

Sou um inútil na vida, querendo gritar aos quatro cantos do mundo a minha dor
Talvez assim, ao menos as pedras me escutassem
E dessem valor às minhas palavras, ao meu grito.

Tudo perdeu o sentido para mim.
Não vejo uma só mão estendida para ajudar mas...
...enxergo outras tantas para me acusar;
Para jogar o meu erro na minha cara;
Como se esfregasse merda no meu rosto.

O cigarro já acabou, mas continuo a tentar fumá-lo.
É minha única companhia nesta noite fria;
O único calor que recebo, mesmo me matando.
Acho que vou conversar com suas cinzas, quando ele irremediavelmente acabar,
Procurar suas fagulhas no meio da rua.

Quem sabe assim, a noite se acabe logo,
E o sol nasça diferente,
Como nunca nasceu antes...

A Verdade


Vou me despir...

Quero estar nu quando a verdade chegar.

Vou deixar-me vestir por ela!

Sinceridade acima de tudo, transparência antes de qualquer coisa.

Assim, ao me olharem em pele nua,

Compreenderão a minha verdade na nudez de meu corpo,

Na transparência de minha pele que está nua,

Na sinceridade de minhas palavras cruas,

Embora meu olhar obscuro, ainda tente esconder alguma coisa de mim e;

Minha aparência insegura tente sobrepor a mentira à verdade...

Máscaras...


Sou um mascarado
No ambiente que é uma máscara
Que esconde aquilo que de fato é.

Sou um mascarado
Porque idéias alheias não se identificam com as minhas e
Nem as minhas com elas.

Sou um mascarado
Naturalmente assim
Não por coerção ou repressão
Muito menos por vontade própria.

Sou um mascarado
Por causa daquilo que não sei e
Que talvez nunca saberei
Mesmo que passe minha vida inteira a buscar saber.

Sou um mascarado
De uma máscara inerente à pele de meu rosto
Que também encobre o que sinto
Além das aparências...

Sou um mascarado
Por buscar nas máscaras o sentido
De toda uma vida que se vive
Mascarada!

terça-feira, 3 de março de 2009

A vida se descobre assim...


Caminhei pelas encruzilhadas vagas de espaço e cheias de podridão
O sol queimando meu rosto, turvava minha visão
Via espinhos mais que rosas
Via sombras mais que luz

A vida se descobre assim...

Tantos caminhos a percorrer, tantos percalços a ultrapassar
Tantos medos para vencer, tantos sonhos a realizar
Tantas coisas para escolher e decidir por uma só
Tantas histórias para escrever, mas uma única redigir
Tantos desejos a fluir, mas um só satisfazer de cada vez
Tanta vontade de sorrir, mas às vezes chorar
Tantas pessoas para ajudar, mas a apenas algumas me dedicar

Sinceramente, não sei se a vida se resume nisso...
Só sei que ela se descobre assim...

Assim sou eu...


Certo dia, numa rua sem movimentos que me permitia refletir um pouco, alguém me perguntou quem era eu. Confesso que aquela pergunta me pegou desprevenido pois na realidade ninguém pára para pensar a respeito disso; além do que tecer um comentário sobre o que se é ou o que se deixa de ser é uma tarefa nada fácil. Depois de muito pensar, redigi umas linhas que em forma de poesia, senão respondeu aquela pergunta, ao menos me fez refletir um pouco mais sobre a existência, a minha existência...

Sou um simulacro abstrato
Sem consciência nem ciência
Que expõe minha demência
Nos membros de meu corpo.

Não sou sentimental nem racional
Sou exatamente o espaço entre os extremos
Minha fé permeia conflitos
Minha confiança não atravessa o muro que sou eu
Minha sombra?Que fantasma
Impossibilitado da realidade
Incapaz de coerção e oticamente iludir
De fato, não sombreia o que sou...

Simulacros não existem e
Os espaços são relativos
E eu não passo de nada
Não por opção, mas por consequência
Daquilo que diz ser minha essência...

Eu que sou como sou e
Tão simplesmente sou...

Mesmices...


O tempo corre e
A vida aqui continua a mesma...

Os mesmos sentimentos
Aqueles que colocam um vazio no ser...
Ou então fazem de fato sentir
A perda de um pedaço de vida.

Os mesmos pensamentos...
Aqueles que são sempre dirigidos mas
Que nunca chegam a lugar algum.

As mesmas pessoas...
Pois sou indiferente a elas.

A mim só uma importa...aquela que tomou espaço em meu coração...
O mesmo coração que só pulsa
Pra prolongar o meu exílio...

O mesmo corpo que insiste em guardar para si
O amplo espectro da solidão, do sentir vazio...

Para mim hoje, o que muda é só o tempo
Porque minha vida continua a mesma...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Saudade...


Vem de longe
Chega de mansinho
Traz lembranças cortando
Caminhos da imaginação...
É marota no trejeito
Invasiva na ação
Corrosiva com o passar do tempo
Coisas próprias da razão.

Não tem dó nem piedade
De uma lágrima erma de início e
Torrentosa de final
E se arranca um suspiro
Sentido de lá de dentro
Vangloria-se da segurança
Até por ora superficial.

Saudade é sentimento, pensamento
Que na nostalgia se multiplica
E perturba a razão
A emoção então desponta arraigando o desalento
E a crise se complica
Enquanto explora o coração.

E se não se toma um juízo
Na cama ela te joga
E das lágrimas te sacia
Enquanto que anuvia
A visão do paraíso...

Ter saudade é bom,
Mas bom mesmo é ter medida
Se por um lado ela comove
Por outro divide a vida.

A bunda


A bunda vaga
Vaga a bunda
Presa dos olhos desejosos
Vulgar aos olhos conservadores.
A bunda vaga
Vaga a bunda
Atada ao osso da perna
Presa ao músculo da coluna.
A bunda vaga
Vaga a bunda
E num passeio numa rua movimentada
Chama a atenção de outras transeuntes
Que apesar de terem a bunda que vaga
Nem por isso são vagas as bundas...
A bunda vaga
Vaga a bunda...

domingo, 1 de março de 2009

Desejos Ocultos...


Mãos que passeiam...
Olhares que se cruzam...
Ou que acompanham os movimentos das mãos que passeiam.
Desejos que se afloram de
Tocar a pele...
Beijar a boca...que disfarçadamente pede um beijo.
Necessidade de sentir a carne a
Apertar por mãos que não tem dedos...
Desejos ocultos de
Colocar o próprio desejo em evidência...
Tirando do oculto
O instinto naturalmente humano!