sexta-feira, 19 de junho de 2009

O sono da cidade

A cidade dorme
E no silêncio da noite pode-se ouvir seu ronco.
Poucos carros a trafegar
Poucos transeuntes a passar
Marcando com os passos
As batidas de seu coração.

A cidade dorme
E sonha. E tem pesadelos
No seu interior tantos germes
A se aproveitar do breu
Dos olhos fechados e a mente distante
Do desligamento desse mundo.

Enquanto sonha, vê o menino com as mãos sujas
De sangue.
Enxerga também outras mãos sujas
Do roubo.
Identifica outras tantas mãos vazias
De esmola.
Cujos corpos repousam no sereno e
Cujas bocas só recebem aguardente para espantar o frio.

Enquanto sonha, identifica suas próprias diferenças
Observa de fora o seu próprio caos social
Delineia com seus olhos embaçados
O vulto da morte que age no escuro.
E se encanta com madrugadas
Intensas de amor.

A cidade dorme
Enquanto eu, sem sono aparente
Sondo suas ruas, observo sua avenidas
Procuro seu coração.
Pois sei que, apesar da aparente calmaria
Os movimentos são sutis
Pra quem se aproveita do sono da cidade
Para arrancar sua máscara e
Mostrar seu verdadeiro rosto.

Faço parte do sono da cidade
E nos seus sonhos, sou seus olhos
Na realidade; enquanto a cidade dorme
Eu permaneço acordado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

KKKKKK...essas discussões prometem...por favor comentem!!!